É notório que o segmento plus size tem sido destaque de crescimento ao longo dos anos. De acordo com a Associação Brasil Plus Size (ABPS), organização fundada em 2016 com objetivo de promover o crescimento e respeito ao segmento da moda plus size no país, o setor abrange mais da metade do público consumidor no Brasil atualmente (57% da população brasileira entre 18 e 60 anos), chegando ao faturamento de R$9,6 bilhões de reais em 2021.
Ainda assim, Marcela Liz, 51, jornalista, consultora e atual presidente da ABPS, identifica dificuldades na área: “Não sabemos quem somos, quantos somos, onde estamos ou quem produz o quê”.
Após ter percebido que não há dados suficientes sobre o setor, uma das iniciativas da ABPS foi criar o Censo GG, com objetivo mapear a cadeia de negócios.
Ela, que já participou no Pop Plus em debates como “Tendências para o Atendimento e Varejo” (2020) e “A evolução do mercado plus size brasileiro” (2022), traz para a conversa um panorama sobre o mercado plus size atual.
MERCADO DE MODA PLUS SIZE E O CENÁRIO ATUAL
Para Marcela, apesar de muitos avanços, o mercado plus size ainda está em desenvolvimento. E há dificuldade especialmente nas linhas de produção: “O confeccionista do setor precisa ser muito criativo para driblar a falta de insumos da indústria”, pontua.
Ela acredita não haver comparação entre o mercado tradicional e o plus size, que ainda não aprendeu sobre posicionamento de marca, por exemplo. “Precisamos segmentar melhor nossos produtos de maneira a deixar claro quem é o público alvo. Fazemos plus size para quem? Qual seu estilo de vida, personalidade, ocasião, bolso? O consumidor reclama do preço porque não há essa clareza, então é sempre caro para alguém”, explica.
Além disso, ela observa que o pequeno empreendedor consegue vender para a classe média. Mas que ainda há uma vasta fatia do mercado entre as classes C e D que também precisam se vestir e o mercado não oferece preços populares.
ATUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO
Os principais objetivos da Associação Brasil Plus Size, fundada em julho de 2016, de acordo com Marcela, são fomentar o mercado e mostrar para a indústria necessidades específicas do setor e oportunidades, além de promovê-lo junto a entidades empresariais e governamentais.
Em 2021, por exemplo, estiveram presentes no desenvolvimento da norma da ABNT 16.333, criada para padronizar o tamanho das roupas femininas e instituir que a centimetragem conste na etiqueta das roupas.
A ABPS também atua no cenário Plus Size com iniciativas que impactam toda cadeia produtiva. Em 2019 promoveu o concurso Talento Brasil Moda Plus Size, para lançamento de novos estilistas focados na moda plus size.
CENSO GG: MAPEANDO O MERCADO
A perspectiva de expansão do mercado plus size, sengundo a ABPS, é de um crescimento médio de 10% ao ano no país. Há também a perspectiva de faturamento de 15 bilhões de reais ao ano em até cinco anos. Ainda assim, os dados e pesquisas sobre esse mercado não estão acompanhando o crescimento.
Por isso, Associação colocou em prática em 2022 o Censo GG, que busca mapear o setor têxtil e vestuário plus size. O link está disponível ao final dessa matéria e recebe respostas até maio de 2023.
O objetivo é que, com empresários de todos os portes de empresa respondendo o questionário, seja criado um repositório de dados que apresente e posicione o setor para ele mesmo. E, com isso, fazendo com que a moda plus size seja promovida em órgãos governamentais, entidades empresariais e que haja ações estratégicas para suprir necessidades e lacunas do mercado em qualquer etapa de produção.
DESAFIOS E APOSTAS NO MERCADO
Há um crescimento de novos estilistas e empresas ingressando no setor de moda todos os meses, no entanto, muitos ainda não sabem o que é plus size: “A necessidade é real, o mercado é real, mas ainda somos invisíveis. Nem estamos falando de preconceito, mas de desconhecimento”, diz Marcela.
Para a consultora, o mercado já está em desenvolvimento, e com um grande potencial de crescimento. Há marcas que começam plus size e se transformam em all sizes, pela facilidade de produzir tamanhos menores. Assim, acabam vendendo para o público que veste até o 48. “Quando um cliente tem uma boa experiência com uma empresa, a tendência é aumentar sua confiança no setor e todos ganham. Se o mercado é forte, as empresas ficam fortes”.
“A necessidade é real, o mercado é real, mas ainda somos invisíveis. Nem estamos falando de preconceito, mas de desconhecimento”
Além de desejar que os diversos negócios da área participem da pesquisa, uma das sugestões de Marcela é que haja troca entre empresas para que este movimento prospere, como mentorias entre as que estão estão melhores posicionadas no mercado para as que estão no começo, com novos negócios.
“Precisamos nos unir, trocar experiências tecnológicas, ensinar, incentivar. Não existe milagre. Anseio por ver grandes empresas no ramo plus size”.
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O formulário está disponível para respostas através deste link:
Censo GG – Mapeamento da Indústria e Varejo na Cadeia de Moda e Negócios Plus Size no Brasil – Estudo de Mercado Potencial.
