O Pop Plus é um evento feito por e para pessoas gordas. As marcas, os artistas, as atrações, tudo é pensado para atender a um público constantemente excluído ou marginalizado enquanto pessoas. E mais do que isso, todas as pessoas presentes e todos os debates têm como objetivo lembrar de um pilar essencial: gorda não é palavrão.
É comum que as lembranças do desconforto por ser uma pessoa gorda sejam mais presentes do que os momentos onde foi possível ficar confortável com o próprio corpo. Para muitos, lidar com uma pessoa fora do padrão é ter passe livre para apontar “problemas”, dar “dicas”, fazer “avaliações de saúde” com base em nada.
Ser gordo ou gorda é ter que constantemente se reafirmar em um lugar de dignidade enquanto tentam tirar isso de nós a todo custo.
“Gorda” é o quê?
No entanto, gorda não é palavrão. É uma característica tanto quanto ser alta ou baixa, preta, branca, amarela, tanto quanto nossos cabelos podem ser lisos ou crespos e nossos olhos, castanhos ou verdes. Pode ser um exercício cansativo ou solitário de se fazer, mas que é importante ao longo do tempo. Entender que ser gorda é uma característica pode trazer mais conforto para lidar com ela e aceitá-la ou transformá-la.
Uma das grandes referências da moda plus size, Fluvia Lacerda, lançou em 2017 um livro com esse manifesto como título. “Não faz sentido evitar a palavra ‘gorda’ a qualquer custo como se fosse um palavrão, reforçando a ideia de que é proibido, errado e feio ter esse tipo de corpo”, disse ela ao Estadão, na época.
É por isso, também, que falamos e lutamos contra a gordofobia. Independente do tipo de corpo que tenhamos, é nosso direito ocupar espaços, ter acessos garantidos, trabalhos dignos e bons relacionamentos. Esse lembrete de que pertencemos ao mundo nos impulsiona a lembrar que “gorda” ou “gordo” é nossa característica e que temos muitas outras. E todas elas nos fazem pessoas únicas e cheias de potência para viver.
Tirando o peso da palavra
Sabe-se que é importante associar a palavra “gorda” ao que ela é – uma característica. Mas como fazer isso se o caminho parece solitário?
- Tente se cercar de pessoas parecidas com você. Se gosta de esportes, busque atletas gordas para acompanhar. Se gosta de artes, busque artistas gordos. No evento Pop Plus sempre apresentamos drag queens, intérpretes, bailarinas, poetas, artistas visuais gordos, além de atividades físicas ministradas por pessoas gordas.
- Acompanhe marcas que produzem roupas para todos os tamanhos. Pessoas podem ter estilos diferentes e é importante ter referências disso. Há marcas de diversos estilos e com tamanhos maiores, como grades até o 60 ou 70, para seguir e começar a criar suas referências.
- Troque as influencers de sempre por influencers gordas/do mercado plus size. Com certeza você irá se identificar muito mais com as pautas abordadas por essas pessoas por se sentir representada naquele estilo de vida.
- Lembre-se que há pessoas gordas em diversos segmentos. Turismo, direito, gastronomia. Encontre trabalhos e pessoas que você admira.
- Não tenha medo de compartilhar suas vulnerabilidades e dores e também de se posicionar. Às vezes ter um amigo ou um grupo de pessoas que partilham das mesmas vivências é difícil, mas saiba que eles existem e podem te apoiar. A internet pode ser um facilitador para encontros, como é a nossa comunidade no Facebook.
- Tente ter em mente de que somos um conjunto de característica e que autoestima e conforto sobre quem se é pode ser muito abrangente. Faça uma lista do que você gosta em você, das coisas que gosta de fazer e do que quer conquistar. Seu corpo te trouxe até aqui e pode te levar muito além.
O propósito do Pop Plus é ser um ambiente diverso e de acolhimento e, por isso, conte com a nossa comunidade para ressignificar o que é ser gordo e partilhar vivências.