estética na comunidade lgbtqia+

A estética na comunidade LGBTQIA+: veja como foi o debate

A 30ª edição do Pop Plus celebrou o amor em todas as suas formas e falar de afetos é falar também da nossa existência e posicionamento no mundo. Por isso, no sábado (11) convidamos a escritora transfeminista Hailey Kaas, a artista independente Kali Reis e o o publicitário Caco Baptista, com moderação de Junior Ahzura para falar sobre A estética na comunidade LGBTQIA+.

Junior começa dando o tom da conversa, lembrando que falar de estéticas é falar também de existência, resistência e resiliência, de uma “real diversidade, de interseccionalidade e de uma infinitude de jeitos de ser”, citando a acadêmica bell hooks.

“Começar por sempre pensar no amor como uma ação, em vez de um sentimento, é uma forma de fazer com que qualquer um que use a palavra dessa maneira automaticamente assuma responsabilidade e comprometimento”

– bell hooks, tudo sobre o amor

estetica na comunidade lgbtqia+
Hailey, Kali, Junior e Caco.

“Como gerar emancipação da beleza e da estética em um mundo  que reforça identidades hegemônicas?”. A pergunta de Junior Ahzura dá espaço para discutir como cada um de nós trilha seu caminho em direção à sua personalidade e identificação.

Caco diz, por exemplo, que sua estética foi desenvolvida com base em não se encontrar no que via ao seu redor. “Minha estética é uma somatória das coisas que me aconteceram, é um processo que até hoje venho aprimorando e essa construção faz com que eu me sinta cada vez mais eu mesmo e pertencente aos lugares”, explica.

No caso de Hailey, a diferença da sua experiência vem, também, de ter crescido em uma comunidade conservadora e na qual não podia, de forma alguma, lançar mão do tipo estético que gostaria de ter e experimentar na adolescência. “Só fui transicionar, experimentar, depois de adulta, fora da escola, quando já não tinha nenhuma instituição me cerceando”, conta.

Além disso, para Hailey, a descoberta da autoimagem é atravessada pelo corpo gordo e pelo corpo trans. “Ao mesmo tempo que eu pensava não ter o corpo ideal, eu tenho passabilidade, porque no imaginário social não existem travestis e mulheres trans gordas”.

Outra questão importante levantado por Junior é a forma em como precisamos pensar nessas infâncias gordas ou em corpos que vão engordando, pontuando o quão violento é já ter que se encaixar em padrões em um momento da vida que estamos experimentando e nos desenvolvendo para uma identidade própria.

Aa busca por se moldar em todos os ambientes para poder caber e evitar desconfortos para as outras pessoas é mencionado por Kali como algo comum para todas as pessoas à margem e Caco reforça o raciocínio, mencionando que diversas vezes as pessoas que encontrava não o viam como capazes. “É como se tivesse algo de errado comigo e por muito tempo eu achei que poderia ter, até perceber que não. Eu passei a entender que não podia me deixar acreditar no que esses espaços me diziam“.

Hailey concorda. “Ser trans é estar sempre se explicando. Quando me entendi trans, comecei a pensar em qual era meu estilo, mas não ser cis faz com que eu sempre me sinta deslocada dos espaços”.

Kali conta que sabe que recebe tratamento diferente de acordo com a roupa que está usando. “As pessoas precisam saber que tem que me respeitar e que o que eu visto não pode afetar como elas me tratam. Isso também acontece em relacionamentos amorosos, amizades, enfim”.

estética na comunidade lgbtqia+

 

Arte e identidade

Quando se fala sobre as artes, todos são unânimes. “A arte é uma salvação”. Para Caco, mesmo tendo acessos ao longo da vida, experienciar a arte não foi uma possibilidade por muito tempo e esse processo chegou mais tarde em sua vida, mesmo assim, como uma construção positiva. “Hoje temos várias pessoas que ajudam a construir essa estética gorda e gorda possível, sem precisar me cobrir ou me moldar demais.”

Para Kali “a arte salva e é por isso que eu falo de amor“. Ela reforça que pessoas gordas geralmente são preteridas em relacionamentos afetivos. “É como se sempre fosse te faltar alguma coisa ou se alguém nunca estivesse 100% com você. Eu sempre coloco isso nas minhas músicas porque acho importante cantar sobre amor dentro da estética que a gente tem”, diz.

Junior conclui, afirmando que “nosso amor incomoda e quanto mais a gente amar, mais incômodo vamos gerar” e celebra a existência de espaços seguros para falar sobre o assunto.

O arquivo do debate “A estética na comunidade LGBTQIA+” pode ser visto em nosso Instagram @popplusbr ou abaixo.

Estilo Pop Plus: looks plus size da edição de aniversário Hits de vendas! As peças que fizeram sucesso no Pop Plus de dezembro Guia de compras: 10 tendências do verão 2025 Guia de compras: Blusas e camisas plus size 12 cantoras gordas para conhecer e se apaixonar 9 inspirações plus size para o Halloween 9 peças que fizeram sucesso no Pop Plus de setembro Raio-X do estilo da cantora francesa Yseult Estilo Pop Plus: Looks plus size para se inspirar! Guia de Compras: Moda plus size para viver a primavera