“As pessoas precisam se sentir em casa”. É com essa ideia que Daniele Zapater, 34 anos, arquiteta natural de São Paulo e especialista em Design acessível / acessibilidade na decoração passou a empreender em projetos próprios. Atuando na área há 14 anos, ela já atendeu construtoras, bancos e também desenvolve design de interiores para casas e apartamentos. Um deles foi o projeto realizado para a jornalista e criadora de conteúdo especialista em moda plus size Ju Romano.
Depois que começou a atuar por conta própria, passou a atender clientes com casas que exigiam acessibilidade, e também comércios. “Eu fazia questão de incluir acessibilidade nesses projetos também, tanto para pessoas PCD [pessoas com deficiência] quanto para pessoas gordas”.
“Comecei a conhecer possibilidades de cadeiras reforçadas, poltronas largas, sofás resistentes, tudo pensado no corpo gordo. E adorei!”
Assim, foi por meio do trabalho desenvolvido para a Ju Romano que Daniele começou a se aprofundar no design de mobiliários para pessoas gordas. “Comecei a conhecer possibilidades de cadeiras reforçadas, poltronas largas, sofás resistentes, tudo pensado no corpo gordo. E adorei!”, conta.
Essas referências a ajudaram a propor mobílias além da Cadeira Eiffel [cadeira popular de polipropileno com pés de madeira]. Como ela diz: “uma referência para muitos, mas que não aguenta nem uma pessoa magra direito, quem dirá um corpo gordo”.
Pensando o Design acessível
A arquiteta explica: o grande diferencial do planejamento para melhorar a acessibilidade na decoração é o espaçamento de um móvel para o outro. Além disso, presta atenção na melhora de circulação e resistência dos móveis. Com os apartamentos cada vez menores, cria-se assim um padrão cada vez menor de mobília. “Eu tenho 120cm de quadril, por exemplo. Como vou ficar confortável numa poltrona de 50cm de largura?”, questiona.
No entanto, apesar de acreditar que a maioria dos profissionais estejam cada vez mais dispostos a pensar em acessibilidade na decoração, ela confessa que há muitos acomodados aos padrões de medida. “Se eu sei que o padrão de uma bancada é 94 cm e estou desenvolvendo para uma pessoa mais baixa, preciso levar em consideração o que é confortável para ela. Existe muita ‘preguiça’ para terem essa estratégia”, desabafa.
Peças inadequadas, o barato que sai caro
Juntamente com essa questão, outra dificuldade pode ser o custo. Se uma cadeira custa 99 Reais e a poltrona pelo menos R$ 400, eventualmente muitas pessoas não podem pagar ou acreditam ser melhor adquirir a cadeira. Mas é importante lembrar que os preços são mais altos porque demandam materiais de maior qualidade e mais resistentes. “Se você compra em lojas comuns, você gasta dinheiro em móveis que vão quebrar ou estragar porque não são feitos para você”, explica Dani.
“Eu tenho 120cm de quadril, por exemplo. Como vou ficar confortável numa poltrona de 50cm de largura?”
Então, em seus projetos, Dani explica que começa analisando o tamanho do quadril ou circunferência da pessoa e peso. Dessa forma ela tem uma noção de distanciamento que ela precisa, os tipos de móvel e material que pode usar. Consequentemente, verifica direto com o fabricante a pesagem que um móvel aguenta, por exemplo.
“A gente está tão acostumado a andar em lugares onde precisamos nos espremer pra passar, pra caber, pra não encostar em alguém. Por conta disso, um design acessível tem total impacto na qualidade de vida da pessoa gorda, porque você se permite ficar confortável”.
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