Néli Simioni é uma mulher gorda, ou, como ela mesma se descreve, uma mulher gorda chamada Néli Simioni. Mestre em Divulgação Científica e Cultural pela Unicamp desde 2016, ela escreve sobre corporalidades gordas, gordofobia e suas intersecções. Em 2021 criou o podcast “Isso não é sobre corpo”, que atualmente está com uma campanha de financiamento coletivo aberta para a nova temporada.
Néli Simioni, 36 anos, conta que foi uma adolescente em guerra contra seu corpo e, mais tarde, uma mulher em busca de autoaceitação. Apenas ao descobrir e entender a opressão social conhecida como gordofobia, ela pôde ir além em seu empoderamento. Em 2016, realizou um ensaio pessoal intitulado “Gorda” e, posteriormente, em seu mestrado, desenvolveu a dissertação “Tornar-se gorda: desestabilizando os sentidos da gordofobia pelo discurso digital”, que em breve estará disponível para leitura.
Néli Simioni é Mestre em Divulgação Científica e Cultural e criadora do podcast antigordofobia “Isso não é sobre corpo”
“A gordofobia também advém do discurso médico que patologiza as corporalidades gordas. Isso não apenas causa violências às pessoas gordas, que não têm seus direitos garantidos, mas também as desumaniza. Além disso, essa opressão está entrelaçada com o racismo, o classismo e a violência de gênero, afetando principalmente mulheres, especialmente mulheres pretas. Portanto, a gordofobia vai além de um preconceito; é uma opressão tão naturalizada que permeia o funcionamento da sociedade”, completa.
Isso não é sobre corpo
Pesquisadora tenta viabilizar nova temporada de seu podcast antigordofobia
Foi durante o mestrado que nasceu o podcast “Isso Não É Sobre Corpo”. “A disciplina, ministrada pela professora Daniela Mânica, propunha refletir sobre questões relacionadas ao humano, ao corpo, às tecnologias e às informações. Como parte do trabalho para essa disciplina, gravei o episódio piloto do podcast com a escritora Jéssica Balbino. O episódio foi lançado no Spotify em 2021”, comenta a comunicadora.
O projeto tem grande importância porque utiliza uma linguagem acessível que alcança tanto aqueles que ainda não possuem um conhecimento aprofundado sobre a causa antigordofobia, quanto aqueles que já estão familiarizados com o tema e buscam informações mais detalhadas de maneira descomplicada.
