O carnaval é uma das festas mais aguardadas do país, em especial após anos de pandemia sem poder curtir o clima de alegria nas ruas. No entanto, é um evento que também abre muito espaço para julgamentos sobre o corpo das pessoas. A modelo, dançarina paulistana e rainha plus size Adriana Balbino, 50, que se apresentou na 32ª edição do Pop Plus com um grupo de passistas, comprova: todo corpo é corpo de carnaval.
Adriana é representante plus size do Carnaval de São Paulo, Rainha Plus Size pela Império da Casa Verde e destaque da Águia de Ouro 2022. Ela desfila desde a infância: “Comecei a dançar ballet e jazz aos cinco, eu era uma criança muito ativa. Aos seis, vi o carnaval pela primeira vez e enlouqueci”.
Foi em 2014, em um concurso especial para mulheres acima de 90kg, que conquistou o título de Representante Plus Size do Carnaval de SP: “Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”. Promovido em São Paulo para eleger a “Garota GG” do carnaval, Drika concorreu com 26 outras mulheres. Ao mesmo tempo, passou de Diretora de Harmonia da Império da Casa Verde, pessoa responsável pela organização de todas as alas da escola de samba, para Rainha.
GORDOFOBIA E RACISMO
Drika, como é conhecida, conta que entendeu que era uma mulher gorda depois de ter seus três filhos. Essa foi uma fase que trouxe ainda mais julgamentos e preconceitos, especialmente dentro das escolas de samba.
“Ouvi carnavalesco dizendo que eu até podia ir pra alguma ala escondida, disfarçada, mas não como musa, porque não queriam uma gorda na escola”.
A Rainha Plus Size conta que, além da gordofobia, também precisa enfrentar racismo e a sexualização do seu corpo como mulher negra. “Mesmo que tenham pessoas que cuidem para que não cheguem perto da gente, ainda tem pessoas que se aproximam tocando, apertando, agarrando nosso corpo”, explica.
Ela lembra que foi a primeira mulher negra e gorda a ganhar um pouco mais de destaque na mídia como Rainha do Carnaval: “Existiu apenas uma representante plus size no carnaval antes de mim, que foi apagada da mídia e não se tem matérias sobre ela. Ganhar esse concurso em 2014 me abriu muitas portas e me deu voz em alguns espaços, mas eu sou resistência e estou lutando por muito mais”.
AUTOESTIMA E CARNAVAL
Apesar de tudo, ela segue firme na folia: ”Nunca pensei em desistir do carnaval porque é algo que eu amo demais”, declara Drika. Ela conta que decidiu dar um basta em todos os julgamentos que ouvia e assumir, dia a dia, que se amava. “Entendi que podia ter o que quisesse quando olhei pro espelho e disse que não ia mudar por ninguém. Eu gosto do que vejo, uso biquínis, me divirto, fui convidada para viagens e programas de TV representando a mulher plus size”.
Para ela, a música e o carnaval são formas de expressar e se libertar das opressões e discriminação que sofreu ao longo da vida “Quando estou dentro de uma quadra de escola de samba, eu sou uma mulher livre, leve, conectada com o mundo. Eu me entrego”.
Drika acredita que qualquer mulher deve experimentar ir a uma quadra de escola de samba sem medo e diz que sente uma grande satisfação ver outras gordas dançando. “A bateria entra nas nossas veias, faz com que a gente sinta, com que a gente se arrepie e se emocione. Vá ao ensaio, vá a um desfile, procure escolas com alas plus size e venha maravilhosa”, recomenda.
Drika Balbino e Passistas na 32ª Edição do Pop Plus
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