Quem foi Tuca? Cantora e compositora que a gordofobia apagou

Por: Cecília Oliveira e Renan Guerra Fotos e Vídeos: Reprodução | Facebook Tuca

Valeniza Zagni da Silva nasceu em 1944 em São Paulo. Conhecida como Tuca, foi cantora e compositora lésbica. Teve um grande papel para a música brasileira, que infelizmente a gordofobia apagou. 

Ela estudou música erudita no Conservatório Paulista no final dos anos 1950, e em 1962 teve sua primeira canção registrada em disco. Intitulada “Homem de Verdade”, foi gravada pela intérprete Ana Lúcia.

Em 1965, participou do Festival Nacional de Música Popular da TV Excelsior, no qual interpretou com Aírto Moreira a música “Porta Estandarte”, de Geraldo Vandré e Fernando Lona. Ficou em 1° lugar.

Em 1966, disputa o Festival Internacional da Canção da TV Rio (RJ), apresentando “Cavaleiro”, de sua autoria e de Geraldo Vandré. Foi classificada em 2º lugar na fase nacional da premiação.

Foi nesse ano que lançou seu primeiro álbum, “Meu Eu”, pela gravadora paulistana Chantecler. Com canções autorais, falava sobre as raízes culturais brasileiras e sobre a Ditadura.

No ano de 1968 lançou seu segundo trabalho pelo selo Phillips autointitulado “Tuca”, mesclando canções autorais com obras de outros compositores.

Por conta do Regime Militar,  mudou-se para a Europa, onde se aperfeiçoou na guitarra e participou de alguns projetos importantes, como o disco "Dez Anos Depois", da cantora Nara Leão.

Em Paris, trabalhou ao lado da cantora e compositora francesa Françoise Hardy, no álbum "La Question". Esse trabalho é formado quase todo por canções de Tuca traduzidas para o francês por Hardy.

Em 1974, voltou ao Brasil e lançou o icônico álbum "Drácula, I Love You", um disco bem mais experimental com 9 faixas autorais em português e uma em francês. Só tem no youtube.

Tuca sofreu muito com as pressões estéticas em torno de seu corpo e de seu peso. Morreu em 1978 de parada cardíaca, após se submeter a uma intensa dieta que a fez perder 40 kg em apenas um mês.

Uma matéria da Revista Manchete publicada após sua morte, resgata uma fala que mostra a pressão sofrida por ela: sua ida para Europa foi “para ter contato com um público que não notasse apenas sua gordura”.

Passados mais de 40 anos de sua morte, sua obra ainda não foi relançada em CD no Brasil. Somente o disco “Tuca”, de 1968, ganhou uma edição no Japão. E apenas esse trabalho está disponível no Spotify.