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Empreendedoras com menos de 30: jovens que investem no plus size

Quais são suas referências ao falar de jovens mulheres e empreendedoras com menos de 30 no mundo da moda? Provavelmente a princípio você vai lembrar de personagens como Andy, Emily e Miranda, do filme O Diabo Veste Prada, o quarteto feminino da série Sex and the City ou mesmo de Sophia Amoruso, a empreendedora que criou sua marca de luxo aprendendo a garimpar peças de brechó e popularizou o termo Girlboss. Todas elas representam o mesmo padrão de comportamento e estilo: distante da nossa realidade.

Já na moda brasileira plus size, podemos conhecer mulheres como Maria Cancella, carioca de 29 anos que há três comanda a M.Cancella; Thaís Scarparo, 25 anos, caiçara e criadora da SB Plus Size e Aracelli Medina, argentina de 30 anos que vive no Brasil e dona do Arakuku Club, “moda feita no Brasil por mãos argentinas”.

Com estilos únicos, as três empreendedoras com menos de 30 contam que suas marcas nasceram das suas necessidades enquanto consumidoras gordas: começaram a produzir não apenas por gostarem de moda, mas por não encontrarem peças que traduziam seu estilo.

JOVEM, MULHER E GORDA

“Eu sabia que trabalharia com comunicação, mas não sabia como”, conta Thaís, que nasceu e foi criada no Guarujá. Graduada em publicidade, além de trabalhar desde os 18 anos como modelo, também fez diversos cursos como gestão, empreendedorismo e até mesmo teatro. Por morar em uma região litorânea, sentia falta de peças mais frescas que relevassem sua identidade. “Eu usava o que dava e não tinha referências de pessoas gordas para me inspirar, apenas magras”.

Maria Cancella, por outro lado, se formou em Design de Moda em 2015 e chegou a trabalhar no mercado, com estilos masculino e feminino e também com figurino. Apesar disso, demorou a se encontrar no mundo da moda: “Nunca pensei em trabalhar com plus size porque eu não me aceitava como tal. O início da minha carreira foi tentando me encaixar e ouvindo críticas. Quando mergulhei em uma jornada de autoconhecimento, entendi meu valor como mulher gorda e decidi que se as pessoas não me aceitassem, eu criaria esse espaço pra mim”.

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Maria Cancella, da marca M.Cancella

 

Já Aracelli Medina fez cursos relacionados à moda desde a adolescência. Aos 14 anos já estudava corte e costura e aos 22, ingressou no curso de Produção de Moda e Consultoria de Estilo, mas já empreendia desde os 18 anos. “Sempre fui apaixonada por roupa vintage e como não conseguia trabalho, pensei em criar uma marca vintage com peças selecionadas”, explica. Sua primeira marca, Las Martas Vintage, durou 10 anos e fez com que ela pudesse viajar para o Chile, Brasil e Peru para garimpar peças.

“Nunca pensei em trabalhar com plus size porque eu não me aceitava como tal. O início da minha carreira foi tentando me encaixar e ouvindo críticas. Quando mergulhei em uma jornada de autoconhecimento, entendi meu valor como mulher gorda e decidi que se as pessoas não me aceitassem, eu criaria esse espaço pra mim”

Para Scarparo, seu trabalho como modelo foi importante no processo de se descobrir como empreendedora, já que a partir dele passou a gostar do processo têxtil e entendeu que, se quisesse criar algo, teria que ser muito específico. “Comecei revendendo peças, mas ainda tinha coisas que eu sentia falta. Assim surgiu a ideia de fazer top faixa plus size, que era extremamente simples e de baixo custo. Eu assisti alguns vídeos no Youtube e tentei fazer manualmente, até ir atrás de uma costureira para me ajudar”, diz.

Cancella explica que antes de empreender e por ter vergonha do corpo, usava peças do pai ou de seções masculinas e tinha que ser criativa para conseguir se expressar. “Até que uma amiga me convidou para os eventos plus size que fazia no Rio e finalmente parecia que tudo se encaixava para que eu começasse a marca”. Mas os processos não são fáceis, desabafa. “É difícil fazer tudo crescer, às vezes parece que estamos presas em um looping e não consigo avançar. Sem nenhum tipo de incentivo do governo, por exemplo, corro atrás e dou conta de tudo sozinha”

Já em Buenos Aires, Medina, que cresceu em um meio onde a maior parte das lojas só vendem tamanho único, começava a fazer parte de um cenário que ia mudando aos poucos devido à participação de pequenos empreendedores. Ela conta que gerenciava um grupo de mulheres empreendedoras que produziam todos os tamanhos. “Para ser parte do showroom, caso a marca não atendesse esse requisito, dávamos tempo para que elas se desenvolvessem e criassem peças”, aponta.

PANDEMIA E FUTURO DAS MARCAS

As três mulheres conta que sentiram impactos da pandemia em seus negócios, mesmo que de formas diferentes. Thaís passou a notar uma mudança no perfil da sua consumidora, que passou a se ver “obrigada” a comprar online, o que fez com que suas vendas aumentassem 70%. Além disso, ela percebeu que a faixa etária do público também começou a se modificar e explica: “Meu público tem a nossa faixa etária, a partir dos 20-25, mas acredito conseguir atingir consumidoras mais novas, dos 13 aos 15, por exemplo. Hoje são meninas que tem mais autonomia e também precisam se sentir representadas”.

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Thaís Scarparo, da marca SB Plus Size

Cancella conta que quando completou seis meses de marca, a pandemia chegou. “Ainda acontece de ser muito subestimada, como se eu não fizesse ideia do que estou fazendo. Não sei como superei a pandemia, mas sei que sigo firme e forte pois não me deixei paralisar”. Como futuro, ela vê sua marca cada vez mais autoral e quer investir também em informação de moda, influenciando o meio com suas criações sem ter que copiar tendências. “Temos que melhorar nossa forma de lidar com a moda como criadoras e consumidoras, não apenas engolir o que é proposto”.

Aracelli, que estava no meio do processo de mudança para o Brasil quando a pandemia chegou, se viu “presa” em seu país por alguns meses, mas aqui encontrou uma variedade de estampas e estilos de tecido que ajudam a trazer qualidade ao seu trabalho. A argentina conta sobre seus planos de ampliação da marca: “Quero lançar produtos que permitam escolher sua estampa preferida e no tamanho ideal, sem custo adicional, para continuar estudando a modelagem plus size e aplicá-la no vestuário masculino”.

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Aracelli Medina, da marca Arakuku Club

Ela também conta como foi começar a produzir para o corpo brasileiro. “Os tamanhos dos corpos são muito diferentes. Sei que, mesmo sendo difícil ser gorda em qualquer lugar do mundo, sinto que aqui as pessoas estão um pouco mais tranquilas de assumir que ‘este é meu corpo e eu sou assim'”.


Gostou de conhecer essas histórias? Você pode conhecer as marcas das empreendedoras com menos de 30 na próxima Edição do Pop Plus!

 

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Quando: 3 e 4 de setembro, sábado e domingo, das 11h às 20h
Onde: Club Homs – Av. Paulista, 735 (Metrô Brigadeiro – Linha Verde)
Quanto: ENTRADA GRATUITA (sem inscrição, evento de varejo)

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