Vivi Lemos ajuda pessoas no Rio Grande do Sul com roupas plus size

Era dia 3 de maio quando a vida de Viviane Lemos, 44 anos, empreendedora e idealizadora da Feira de Moda Plus Size (BPSPOA), mudou drasticamente. Prestes a realizar mais uma edição da feira, ela precisou desmarcar para unir moda plus size e voluntariado, ajudando pessoas gordas desabrigadas no RS.

Realizada desde 2016 e idealizada por Vivi e sua sócia, Gizela Fonseca, a BPSPOA sempre teve a solidariedade em seu DNA. Durante o inverno, a entrada consistia em doações de roupas; em março, de material escolar; e em dezembro, de alimentos.

“Tínhamos a edição marcada para os dias 4 e 5 de maio. Cancelamos na manhã do dia três, porque as coisas avançaram de forma muito rápida e extrema. Foi uma decisão infinitamente difícil, porque fomos duramente impactados pela pandemia e ainda não nos recuperamos completamente. Todos os expositores já estavam com tudo preparado para participar da feira, então foi realmente muito triste”, relembra Viviane.

 

 

Transformando dor em ação 

Com o número de desabrigados crescendo e relatos de que não havia roupas adequadas para atender as demandas de pessoas gordas, Vivi teve que agir, transformando a dor de cancelar o evento em força para ajudar aqueles em situação de vulnerabilidade.

“Quando eu tive que cancelar, fiquei muito mal, mas vi que essas pessoas precisavam de ajuda e que eu podia fazer algo! Digo que essas pessoas, na verdade, estão me salvando, porque eu estava muito mal e me sinto muito grata por estar fazendo isso e vendo tantas pessoas dispostas a somar. O Rio Grande do Sul está em situação de guerra. É catastrófico o que temos aqui. Ninguém está preparado para o que estamos vivendo agora, mas ter tantos apoios de anônimos, conhecidos e desconhecidos tem sido muito bom”, comenta a empreendedora.

A mobilização começou na internet, solicitando doações de roupas, e foi crescendo. Marcas plus size autorais juntaram-se à luta, arrecadando valores para aquisição e produção de moda íntima em tamanhos grandes. 

Inicialmente a produtora de eventos foi fazendo todo o trabalho dentro de casa, mas a operação expandiu tanto, que foi preciso migrar para o Ginásio do Colégio Universitário. No último domingo (12) chegaram os primeiros envios vindos de outro estado.

“A primeira entrega que fiz dessa ação foi para uma mãe e seu filho. Eles tiveram que ser deslocados de São Leopoldo e estavam somente com as roupas do corpo. Estavam em um hospital e não havia roupas disponíveis para eles, nem mesmo toalhas. A família deles conseguiu entrar em contato comigo e pedir ajuda. Ao chegar lá, encontrei o rapaz sozinho. Quando entreguei as roupas, tanto ele quanto ela ficaram muito felizes e emocionados. Fiquei muito sensibilizada com essa cena.”, diz Vivi.

 

 

O trabalho voluntário continua 

Enquanto a mobilização nas redes cresce, e vai ganhando espaço na mídia, a empreendedora desenvolveu um site para dar autonomia às pessoas gordas desabrigadas e também para haver um melhor mapeamento das necessidades. 

Desde que começou a campanha, milhares de pessoas entraram em contato solicitando doações. Foram tantas mensagens que Vivi precisou desenvolver um método para melhor atender os pedidos. “Utilizei o site do meu e-commerce, que tenho há algum tempo, para facilitar e automatizar todo esse processo. Fiz algo bem simples, mas funcional, permitindo que pessoas desabrigadas pudessem fazer pedidos de forma mais autônoma, dando a elas até uma sensação de maior dignidade. As solicitações foram tantas que o site não estava dando conta, até que a Babi Tonhela, que é desenvolvedora de sites, surgiu e o aprimorou.”

Além do portal para solicitação de doações, há um portal de transparência onde as pessoas que estão doando podem acessar e conferir os recibos e toda a gestão dos valores enviados.

Até o momento, mais de 14 mil acessos já foram registrados no portal, mas ainda há 28 mil solicitações a serem atendidas. “As doações são extremamente necessárias, porque temos uma oferta muito reduzida e a demanda está muito elevada. Pedimos que as pessoas continuem doando, seja roupa, seja através de PIX. O importante é que essa campanha continue, pois o Rio Grande do Sul precisa da ajuda de todos”, reforça Vivi.

Veja como ajudar:

PIX / CNPJ: 26.423.527/0001-12 em nome de VIVIANE PEREIRA para compra de calcinhas e cuecas plus size.  Além disso, a BPSPOA – Feira Moda Plus size: está arrecadando roupas em tamanhos grandes e fazendo triagem para distribuição na cidade de Porto Alegre.

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