“Uma mulher quando goza movimenta o mundo” é a frase de uma das tiras da cartunista Magô Pool, 40, que questiona a relação da pessoa gorda com o sexo e afeto. Natural de São José dos Campos, SP, mulher gorda, que se reconhece como mestiça ou multirracial, a artista cria suas artes a partir de histórias de suas amigas, família e dela mesma. A ideia é dar protagonismo a todas aquelas que sempre são invisibilizadas.
Magô desenha desde sempre, mas ilustra profissionalmente desde 2008, quando começou a carreira como chargista no portal da MTV, o MTV Overdrive. De lá pra cá, trabalhou como produtora de websérie e ganhou espaço para desenhar e fazer charges sobre música e o universo musical da época. Migrou para editoras e jornais e hoje, além do trabalho autoral, gerencia uma agência de criação.
O MERCADO PARA MULHERES
“Quando comecei a ilustrar, em 2005, era muito difícil ter mulheres. Em um dos concursos que ganhei, ouvi que levei o prêmio ‘por causa das minhas pernas'”, lamenta Magô.
Embora não tivesse muito viés político na época, sua criação sempre foi baseada na sua vivência. Por trazer o mundo que conhecia para suas criações, percebia a falta de mulheres gordas e fora do padrão, tanto para criar quanto sendo representadas: “Geralmente as mulheres eram hiperssexualizadas, e até hoje isso existe. Uma mulher fora do padrão falando do próprio corpo, do corpo como identidade, sempre recebe críticas. Hoje em dia consigo entender que as pessoas que gostam do meu trabalho são muito mais importantes”.
A cartunista conta que recebe vários feedbacks importantes, mas o mais marcante foi o de uma leitora relatando que teve a coragem de sair de um relacionamento abusivo após consumir um quadrinho criado por ela: “Eu já ouvi coisas horríveis por estar na internet, mas um comentário assim faz tudo valer a pena.”.
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MOTIVAÇÃO E INSPIRAÇÃO
“Uso a arte para me expressar e não enlouquecer. Todo trabalho é político, especialmente nos últimos quatro anos. Minha arma é o meu desenho para me posicionar sobre o cenário que vivemos”, explica. Magô Pool reforça que, para ela, só é possível falar daquilo que se vive e que, por isso, seus quadrinhos são amostras das suas vivências e da sua forma de existir no mundo.
Sua grande fonte de inspiração, além de suas histórias, são as pessoas que a cercam. “Minhas amigas, irmãs, família. As pessoas que amo são inspirações, aquele vinho que a gente toma vira um grande laboratório. Eu quero contar histórias de mulheres que nunca são celebradas, gosto de trabalhar com histórias de mulheres que precisam ter protagonismo”, explica.
A artista reforça a arte como forma de posicionamento e acredita que o que faz pode colaborar para a construção de um mundo mais justo para as crianças que estão crescendo: “Pessoas fora do padrão estão sempre no último lugar da fila e espero, dentro do que posso, contribuir para a construção de uma sociedade que garanta os direitos dessas pessoas”.
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