Conhecer os diversos movimentos sociais relacionados ao ativismo gordo faz com que as lutas locais também se fortaleçam. Após conversar com a colombiana Laura Agudelo e a argentina Brenda Mato, o Pop Plus entrevista a uruguaia Magdalena Piñeyro, 36, que desde a adolescência vive nas Ilhas Canárias, arquipélago espanhol no Oceano Atlântico.
Licenciada em filosofia e mestre em Estudos de Gênero e Políticas de Igualdade, Magdalena foi a presidente da plataforma Stop Gordofobia, primeira plataforma sobre o assunto na Espanha. Além disso, é pesquisadora e autora de diversos livros relativos a esse assunto.
Ela falou ao Pop Plus sobre sua história, identidade como mulher gorda e trabalho com o ativismo gordo.
REPRESENTATIVIDADE E ATIVISMO GORDO
Piñeyro se mudou do Uruguai para a Espanha ainda jovem. Ela conta que foi um momento difícil em sua vida: “É difícil explicar o que significa se mudar por obrigação, porque seu país não dá oportunidades. Foi nesse momento que entendi que existiam desigualdades; e também quando percebi que existia gordofobia”.
Aprendeu muito cedo que era uma pessoa gorda, porque foi chamada assim desde sempre. Mas só foi entender a perspectiva política na qual estava envolvida por volta dos 27 anos, quando passou a pensar em seu papel como ativista.
MILITÂNCIA E A PLATAFORMA STOP GORDOFOBIA
O primeiro livro publicado por Magdalena leva o nome de “Stop Gordofobia y las panzas subversas” [“Basta de gordofobia e as barrigas subversivas, em tradução livre], em 2016. É uma versão da sua dissertação de mestrado na área de pesquisa de Histórias de Gênero.
Foi assim que ela teve a oportunidade de fazer um tour pela Espanha: “Apresentar o livro e falar com as pessoas sobre esse sistema de discriminação foi muito importante, para que todos entendam como o preconceito nos afeta”.
A ativista acredita que haja um crescente interesse na discussão sobre preconceito contra pessoas gordas nos países hispanohablantes [que tem o espanhol como língua materna ou segunda língua] e que as pessoas estão, cada vez mais, questionando padrões de gênero que reforçam essa discriminação.
Na Espanha, a plataforma “Stop Gordofobia”, criada por Magdalena, foi o primeiro movimento criado para ser uma plataforma antigordofobia.
O projeto focado no ativismo gordo nasceu pela necessidade de “politizar a gordura” e denunciar a discriminação de corpos gordos. Foi encerrada após 9 anos no ar e seu trabalho atualmente está concentrado na página pessoal de Magdalena. Também está nos livros publicados, e sua atuação com formação e como palestrante.
GORDOFOBIA, ESPANHA E AMÉRICA LATINA
Apesar de não encontrar coletivos antigordofobia nas Ilhas Canárias, acompanha diversos militantes que se unem para trocar experiências e vivências.
Piñeyro também vê o crescimento de modelos e produtores de conteúdo no Instagram como algo positivo. “Estamos vendo esse discurso acontecer, vendo denúncias nas ruas, criando conversas e acompanhando manifestações”, comemora.
O destaque, para a filósofa, são os movimentos que se fortalecem na América Latina. “Avançamos muito e fico muito feliz por acompanhar muitas mulheres gordas e brasileiras neste meio”.
Para ela, é preciso que as pessoas se acolham cada vez mais. E, além disso, entendam que o inimigo não são umas para as outras, mas sim um sistema discriminatório. “Vivemos em um sistema que nos prejudica e é preciso lutar contra ele, não contra nós mesmas. Precisamos fortalecer umas às outras para mudar a sociedade”, conclui.
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