O primeiro Pop Plus Pocket, que aconteceu durante um fim de semana inteiro no Sesc Guarulhos, promoveu o debate “Corpo, verão e autoestima” no sábado (11) com mediação da jornalista e criadora de conteúdo Ju Romano e participação da influenciadora e comunicóloga Juliana Santana e da produtora de conteúdo Isabella Trad (Bells). Na conversa, falaram de como pessoas gordas se sentem no verão, de autoestima, sobre ocupar espaços e representatividade.
A jornalista Ju Romano começa a conversa pontuando que até há pouco tempo pessoas gordas não costumavam ver corpos semelhantes ao seu em ambientes como praia, piscina, parques: “Vocês sempre se sentiram confortáveis para ocupar espaços? Como isso mudou?”, pergunta.
CORPO GORDO NO VERÃO
Baddie Santana conta que acreditava odiar praia, mas que à medida que começou a se dar chances de estar nesses lugares e experimentar roupas diversas, passou a se apaixonar pelo ambiente. “Acho importante falar que é tudo aos poucos, tem que começar por uma parte. Tentar usar um short primeiro, um maiô”, explica a comunicóloga, que sente que ter a liberdade de gostar de algo e poder usá-lo é uma das maiores conquistas.
Para Bells, em especial durante o verão pessoas gordas são bombardeadas o tempo todo com propagandas sobre emagrecimento ou corpo ideal. “As coisas começaram a mudar quando comecei a levar a sério minha própria narrativa. As propagandas tiram você do seu eu, então quando comecei a pensar na narrativa e no corpo que eu queria, as coisas foram mudando”.
Baddie lembra que inspiração é tudo, e lista influenciadoras como Ray Neon e Bells como seus exemplos. “Quando vi outras mulheres usando biquíni, então eu consegui usar também”, confessa Bells, e cita Ju Romano como um dos seus exemplos.
Ju Romano recorda do dia em que foi à praia e percebeu que as gêmeas sentadas na sua frente eram totalmente diferentes uma da outra e concluiu: “Se até elas tinham o corpo diferente, quem era eu pra ser igual?”
REPRESENTATIVIDADE
A opinião de que a internet proporciona um cenário melhor para a representatividade é unânime. “Eu acho que a tendência é melhorar cada vez mais em relação à comunicação. Vejo que a internet proporciona mais referências hoje em dia para que todas possam descobrir seu estilo”, diz Baddie, que afirma não se sentir tão impactada por publicidades, mas alerta que é preciso buscar formas de sair da bolha: “A gente precisa chegar em outros lugares, na periferia, não ficar só nas pessoas que já tem acesso”.
Para Bells, é importante saber que todo mundo pode impactar outras pessoas: “O poder da autoconscientização é muito forte. Saber o impacto que você causa nos lugares e nas pessoas faz a diferença”.
DIREITO AOS ESPAÇOS
Além disso, a influenciadora reforça a necessidade de lembrar que cada lugar, estado ou cidade, tem seu padrão de beleza e é justamente por conta dessas diferenças que é importante fazer o exercício de ser sua própria referência do que é ser bonito. “A gente é pertencente e merecedora de estar em qualquer lugar. Precisamos reforçar que independente do padrão de beleza, pertencemos a qualquer espaço, quer queiram, quer não”.
“Independente do padrão de beleza, pertencemos a qualquer espaço, quer queiram, quer não.”
Para Ju Romano, o jeito mais prático para construir esse sentimento é pensar em algo tangível. “Eu juntei dinheiro, paguei a mensalidade da academia, tive vontade de estar em um parque, então mereço desfrutar como qualquer outra pessoa”, explica.
Ela também sugere que cada um se lembre de suas motivações pessoais e que as coloque acima de qualquer pessoa que queira criticar seu corpo: “Se você não colocar o biquíni, ninguém vai colocar por você. Se você quer subir as escadas da sua casa sem se cansar, então quem precisa cuidar disso é você”.
A criadora do Pop Plus, Flávia Durante lembra que o evento surgiu justamente com a venda de biquínis e que sua motivação era ver outras mulheres usando modelos diversos e coloridos e se sentindo felizes ao curtirem o verão.
EXPERIMENTAR É POSSÍVEL
Para Baddie, inspiração é tudo: “Tento fazer o exercício de ver que eu posso usar tudo que uma pessoa magra usa. De forma prática: se você ainda está insegura, teste usar uma roupa mais ousada com algo que você já tem e se sente confortável”.
Bells também traz uma dica que é puro autoconhecimento: “Saiba seu tamanho. Se perceba, sinta o que fica mais confortável para você. Sou sempre da ousadia e alegria; não precisa ter medo do seu tamanho”.
“Sou sempre da ousadia e alegria; não precisa ter medo do seu tamanho”
Para finalizar, Bells provoca: “Viva sua própria narrativa. Entre dentro de si e entenda o que você acha bonito, o que quer fazer. Se te ensinaram que seu braço não era bonito, quem ensinou? E por que você aprendeu?”
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