As questões que envolvem o cotidiano de pessoas gordas vão muito além da beleza e da moda. Ter acesso à cidade e dignidade também são questões que fortalecem a autoestima e qualidade de vida de todos. E para atingir esses objetivos é preciso falar de gordofobia e política.
Este é um ano em que teremos eleições para os cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual, Senador, Governador e Presidente da República. Por isso, é importante estar atento nas pautas relacionadas à políticas públicas, pois elas falam de direitos básicos, que vão de acessibilidade nas ruas e transportes até atendimento digno na área da saúde, trabalho e educação básica. Ou seja, assuntos que interferem diretamente na vida de todos e que podem ter muito impacto para pessoas gordas.
Além de conversar sobre o que é gordofobia e como é possível identificá-la, é necessário cobrar ações estruturais, escolhendo candidatos que dialoguem diretamente com a causa. O Pop Plus já promoveu um debate sobre pessoas gordas na política (assista aqui), mas também é preciso entender a importância de eleger políticos que lembrem de incluir pessoas gordas em seus projetos de leis.
Neste ano serão eleitos representantes dos Poderes Legislativo, que são responsáveis pela criação de leis e projetos de políticas públicas e fiscalização das suas aplicações. E também Executivo, que tem a função de administrar os interesses públicos. Por isso, precisamos ouvir e conhecer cada vez mais pessoas que nos representem e lutem por nós e ao nosso lado. E também que tenham projetos políticos que estejam de acordo com a garantia de direitos básicos e qualidade de vida para todos.
Elaboramos a lista abaixo para a gente ficar de olho na hora de escolher seus candidatos:
1. REPRESENTATIVIDADE E COMPROMISSO
Muitas pessoas, mesmo as que se dizem aliadas, por nao viver na pele não entendem quais são as reais necessidades da pessoa gorda. Ou enxergam de forma limitante, pensando apenas na relação com moda ou estética. Escolher representantes gordos comprometidos com a causa ajuda a ampliar a discussão sobre questões de acessibilidade e diversidade, trazendo uma visão de quem vivencia o problema. Além disso, ajuda a criar movimentos que não restrinjam o diálogo apenas à alguns espaços, como grandes cidades. É preciso envolver a comunidade para criar melhorias para todos.
2. ACESSIBILIDADE
O livre acesso e locomoção é um direito para todos, que acaba restrito quando se fala em pessoas gordas. Isso se dá devido à falta de adaptação em transportes públicos – tanto em relação aos assentos quanto às catracas -, falta de qualidade na construção e pavimentação de vias, e até espaços adequados em prédios públicos. É necessário eleger pessoas que estão envolvidas com a causa para pensarem em espaços que sejam acessíveis e que possam ser utilizados por toda população.
3. SAÚDE
Hospitais com equipamentos adequados para pessoas gordas, como cadeiras de roda, macas e aparelhos para exames, precisam existir e serem acessíveis. Além disso, é necessário pensar meios de promover a capacitação do corpo médico e formação de profissionais da área acolhedores e respeitosos com a diversidade. A gordofobia médica faz com que pessoas gordas negligenciem sua saúde física, e um atendimento desrespeitoso e preconceituoso ainda pode causar danos à saúde mental dessa população.
4. EDUCAÇÃO
Pensar em espaços adequados para pessoas gordas em escolas, universidades e locais de formação técnica é de extrema importância, assim como falar sobre o acolhimento de crianças gordas desde seu primeiro momento escolar. Tornar o debate sobre respeito e diversidade presente desde a primeira infância cria pessoas saudáveis e tolerantes, além de disseminar a importância do combate à gordofobia também para professores e educadores em geral.
5. TURISMO E ESPORTE
Parques, praças e equipamentos para atividade física precisam ser convidativos e agradáveis, se adaptando a todos os cidadãos, inclusive pessoas gordas. Atividades como esportes radicais e ecoturismo também exigem atenção especial para materiais de segurança, por exemplo. O corpo gordo é capaz e quer, sim, se divertir e explorar atividades físicas e turísticas.
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Quando falamos de gordofobia e política, você conhece propostas e candidatos antigordofobia na sua cidade? Conta pra gente nos comentários do Instagram!