Gorda desde a infância, a jornalista e doutora em Comunicação Agnes Arruda, paulistana de 37 anos, sempre soube que era tratada de forma diferente por causa do tamanho do seu corpo. Há mais de dez anos pesquisa sobre gordofobia na área da Comunicação, e agora lança campanha de financiamento coletivo para a publicação do livro Pequeno Dicionário Antigordofóbico.
Autora de O Peso e a Mídia: as faces da gordofobia e de Medusa: a história que não te contaram, Agnes tem se dedicado a mostrar como o preconceito afeta a vida das pessoas gordas.
A jornalista tem buscado diversas formas de difundir seu trabalho científico, pois acredita que este é o dever de um cientista. “Como cientista, tenho o dever de fazer com que as pessoas tenham acesso às minhas descobertas de pesquisa. Por ter me formado jornalista, tenho essa habilidade comunicativa que me permite difundir a investigação em uma forma narrativa muito mais acessível… E tem sido incrível”, conta.
“É impossível dizer que ao longo desses dez anos pesquisando não houve mudança como o corpo gordo é visto na sociedade. Mas a gente não pode esquecer que está em uma bolha. Além disso, qualquer mudança positiva só tem sido conquistada às custas de muito trabalho e luta das pessoas gordoativistas”, aponta Agnes.
“A estruturalidade da gordofobia nos demonstra todos os dias que não é tão simples assim. Que precisamos de uma ação efetiva junto às instituições socializadoras para acabar com esse preconceito de vez”, analisa a jornalista e pesquisadora.
Pequeno Dicionário Antigordofóbico
Boa parte do conteúdo do dicionário foi publicado, de forma fracionada, entre maio de 2021 e junho de 2022 na coluna quinzenal de Agnes na Revista AzMina. Mas a ideia do dicionário surgiu ainda durante a sua pesquisa.
“Quando comecei a estudar o tema, a palavra gordofobia nem existia no dicionário, e isso é muito simbólico… Porque se a coisa não tem nome, como a gente vai falar sobre ela? Como a gente vai entender suas origens, causas e consequências? Essa foi uma discussão que eu trouxe em O Peso e a Mídia, minha tese de doutorado, onde mostro como a maneira que a gente se comunica também pode contribuir para a estruturação desse preconceito”, explica.
“Pesquisando encontrei palavras, termos e expressões que fazem parte desse vocabulário que violenta pessoas gordas, como: ‘gordinha’, ‘BBW’ [‘Big Beautiful Woman’ ou Mulher Grande e Bonita], ‘bonita de rosto’, e por aí vai. Passei a escrever sobre eles na minha coluna para a revista AzMina e, embora tenha tido um grande alcance, o livro pode ajudar a expandir ainda mais essa discussão. Então, reuni esse material em forma de verbetes, como um dicionário mesmo, trazendo o embasamento dos estudos em uma leitura acessível”, explica.
Para colaborar
A campanha está disponível na plataforma de financiamento coletivo ‘Catarse’ até o dia 14/08/2022. É possível contribuir a partir de R$ 15. Entre as recompensas há nome nos agradecimentos, adesivo, marca página + bottom, livro com dedicatória exclusiva e mais.
https://www.catarse.me/pequenodicionario
E você pode acompanhar as reflexões sobre a pesquisa da Agnes através do perfil Tamanho Grande no Instagram e também em sua coluna na Revista Azmina.