Você sabe quais são as etapas, desafios e particularidades do processo de produção de moda plus size? Ou já pensou por que roupas plus size às vezes parecem ter um custo maior que as de numeração padrão? Com a falta de moldes e materiais voltados para a produção de moda plus size no mercado, assim como falta de conteúdo especializado em corpos gordos nas universidades e ensino de moda, os empreendedores precisam aprender por conta própria a desenvolver sua grade de tamanhos, entender e pesquisar materiais que sejam mais adaptáveis e ainda garantir o mínimo desperdício de tecido na hora do corte.
Conversamos sobre a produção de moda plus size com Lethícia Fernandes, criadora da marca Lethícia Atelier, de Porto Alegre, Alissandro Lee, estilista e dono da carioca Cromo.Somos e Sara Acauan, idealizadora da Transa55, de São Paulo. Os empreendedores falaram de sua jornada dentro do ramo, um pouco sobre o processo e os desafios de criar uma peça plus size, desde sua idealização até o momento em que ela chega para você, e o que eles priorizam na hora de investir em qualidade.
ESTUDO E PESQUISA
O primeiro passo para a criação de uma coleção ou peça plus size é a pesquisa, tanto com consumidores quanto de mercado. Afinal de contas, o diferencial está justamente em oferecer um direito básico para as pessoas gordas, e ouvi-las é essencial.
“Nosso lema defende que todas nós podemos ser protagonistas da nossa história. É a possibilidade de escolher o que vestir, para se vestir bem e de acordo com seu próprio estilo”, diz Lethícia, que criou a própria tabela de medidas para que suas criações fossem escaláveis e adaptáveis aos corpos diversos.
Para Sara, que atua na área de moda desde 2004 e lidera a Transa55 desde 2019, expor as peças aos clientes e testar antes de lançar no mercado faz toda diferença. “Conversei com muitas amigas [que usam] plus size, especialmente Van Joda (professora de yoga no Yoga Para Todos) e Romina Trebbi (especialista em marketing). Elas me mostravam peças, me explicavam porque algo era confortável ou desconfortável”, conta.
No caso da Cromo.Somos, os produtos são criados para que sejam fluidos e versáteis. “Queria oferecer algo com possibilidade de se transformar, ter uma peça com três ou mais formas de uso. Isso torna a peça múltipla, pensada para durar”, diz Alissandro.
ROUPA FEITA PARA DURAR
“Sempre tento entender o que está em falta, o que posso acrescentar de diferente e produzo através de testes e pesquisa de materiais”, explica Lethícia.
Usar matéria-prima com elasticidade e modelagem ampla na criação faz parte de pensar também em peças duráveis, que podem acompanhar o consumidor por muitos anos.
“Muitas das nossas modelagens estão em nosso catálogo há oito, dez anos e todas são pensadas para durar. Trabalhamos com materiais em fibras naturais em vez de sintéticas, e escolhemos matérias-primas com alto padrão de qualidade”, conta Alissandro.
Para a produção da Transa55, a prioridade também é a vida longa da peça e a sustentabilidade. “Trabalhamos com tecido de estoque de coleções anteriores, viscose de reflorestamento ou algum tecido tecnológico que faça sentido pra gente”, conta Sara, que recentemente investiu em uma malha com tecnologia que inativa vírus envelopados, como Influenza e Covid.
O investimento aqui fica claro: uma peça pensada, planejada e produzida com matéria-prima de qualidade para o corpo gordo muitas vezes compensa mais do que comprar uma de baixa durabilidade.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Além de garantir que os materiais utilizados em peças plus size sejam de qualidade, uma prioridade também é fazer com que a cadeia de produção envolvida seja valorizada e respeitada. Por isso, pensar na escala e em salários justos para costureiras é uma realidade das quais marcas autorais não abrem mão.
Sara conta que, se tratando de uma marca slow fashion como a Transa55, ela dispensa fábricas de costura e opta pelo trabalho direto com as costureiras, onde pode visitar os locais de trabalho e fazer negociações diretas ou cooperativas. Ela explica que essas tem valores-base que podem ser mais de três vezes o preço de uma oficina normal. Ainda que seja uma forma de produção que pareça mais cara, ela diz que “além de ser gratificante, é a única forma que acreditamos“.
Na Cromo.Somos, Alissandro também acompanha de perto esta etapa do processo. “Nossa cadeia de produção é honesta e transparente, sendo eu e mais uma ajudante para produzir tudo, com muito carinho e responsabilidade. Assim, garantimos que você saiba a procedência e a qualidade de uma peça autoral e que possamos pensar em uma moda mais consciente”, explica, informando que é ele quem compra matéria, faz molde, moulage, corta e costura.
No caso de Lethícia, sua opção foi trabalhar direto com costureiras, mas acompanhar todas as etapas de testagem e aprovação. Ela conta que nenhum processo responsável pode ser barato, mas mostra que “cada peça que você compra é um investimento no seu bem estar e também no projeto de quem você acredita”.
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Essas (e muitas outras) marcas autorais estarão presentes na próxima edição do Pop Plus, para que você possa conhecer quem produz roupas pensando especialmente em você!
Pop Plus # 30 – Edição do Amor
Quando: 11 e 12 de junho, sábado e domingo, das 11h às 20h
Onde: Club Homs – Av. Paulista, 735 (Metrô Brigadeiro – Linha Verde)
Quanto: ENTRADA GRATUITA (sem inscrição, evento de varejo)
Evento: https://bit.ly/popplus30
Site: www.popplus.com.br
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Idealização e curadoria: @cenapop
Produção: @artshineeventos
Arte: @barneditorial
