Em fevereiro, quando as coisas já estavam muito sérias na China, aqui eu estava em um processo de negação. Achava que a pandemia e a quarentena não chegariam com a mesma força no Brasil, muito menos que depois se tornaria o que temos hoje.
Como artista visual, parte do meu trabalho já é confinada, porém a parte final depende do contato direto com o público. Faço feiras onde vendo minhas artes, eventos em lojas e convenções em que faço customizações e live paintings para marcas, além de murais, e estava começando a ingressar na tatuagem.
Também tinha montado um projeto de aulas de aquarela, afinal, artista no Brasil tem que ser multimídia e agora tudo está em suspenso. Meu último trabalho na rua foi dia 7 de março e depois disso, tudo foi cancelado. Viagens, exposições e feiras sem previsão de retorno.
Por isso, há quase 3 meses, mergulhei nos estudos que não conseguia fazer antes por falta de tempo: cursos on line, técnicas que estavam paradas com materiais empoeirando. Estou me dedicando totalmente ao meu processo criativo e a melhorar como artista e como pessoa, lendo meus livros esquecidos e sobre tudo que consigo encontrar de relevante.
Minhas artes foram pra todas as redes, pois precisamos sobreviver, então estou fazendo encomendas on line e trabalhando na divulgação das minhas ilustrações no twitter, instagram e behance.
O isolamento faz a gente pensar muito no ritmo e no que temos feito da nossa vida e muita gente tem falado sobre a cobrança por produtividade. Realmente não deve existir cobrança, mas, no meu caso, produzir foi a forma que eu encontrei de não enlouquecer em três meses sem sair de casa, pra me salvar da realidade.
Hoje estou aqui, escrevendo este texto e pensando em como sobreviver nos próximos meses. Vou lançar vendas solidárias das minhas artes pra apoiar projetos que estão ajudando pessoas em situação de risco na pandemia. Vamos juntos nessa?
Karina Beraldo é ilustradora e designer têxtil. Instagram: @karinaberaldo
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