As tatuagens existem para atender um desejo individual, e não necessariamente para atender expectativas de terceiros. Mas, ao mesmo tempo, também sabemos que a sociedade se baseia em um senso estético padronizado mesmo para corpos tatuados. O desenho pode ser julgado pela sua qualidade ou pelo trabalho do tatuador, mas é comum que uma pessoa tatuada seja o alvo dos julgamentos com base em como ela atende ou não a imagem esperada de alguém que opta por ornar o próprio corpo.
Trocamos um preconceito pelo outro, paramos de marginalizar o tatuado, para encaixá-lo em mais um molde engessado que em nada reflete a verdadeira expressão da sociedade em que vivemos atualmente.
“A tatuagem foi um dos fatores mais importantes no meu processo de ‘aceitação’. Eu não usava roupas curtas, decotadas nem que deixassem meus braços descobertos, tinha muita vergonha do meu corpo. Aí comecei a fazer tatuagens e a partir disso comecei não só a gostar de partes do meu corpo que até então eu não curtia, como também passei a sentir vontade de usar roupas mais curtas e decotadas para deixar as tattoos à mostra. E foi através das minhas tatuadoras que eu entrei em contato com o feminismo, que depois me levou para o caminho da militância gorda. Até então eu não tinha referências femininas na minha vida, eu só tinha amigos homens. Criei um grupo dedicado à tattoos com uma mina e acabei conhecendo muitas mulheres com quem troquei ideias que acrescentaram muito no meu caráter. Todas essas coisas em conjunto me deram auto-confiança”, Cíntia Lira é militante e tem sido uma das vozes referência na luta contra a gordofobia.
Mas assim como na moda e na beleza, gordos estão usando tatuagens para expressar suas individualidades e vão ainda além, usando a ornamentação de seus corpos como forma de encontrar um novo caminho para amar partes de seus corpos que por anos foram ignoradas e como forma de subverter padrões.
“A tatuagem tem muitos significados. Algumas são só adornos, outras contam uma história ou são um lembrete. Via de regra, elas são uma celebração. Meu corpo é a materialização da minha existência, ele por si só conta histórias. Tatuá-lo ilustra algumas dessas histórias. Aqui no estúdio vejo muitas histórias de mulheres que se tornam cada vez mais autoconscientes de seus corpos por causa da tatuagem. Elas às vezes são escudos, às vezes são holofote. Mas são invariavelmente uma das muitas maneiras de me conectar ao meu corpo.” Rachel Patrício é taróloga, mãe, e sócia do marido Gonta (que é tatuador) no estúdio Felix Tattoo, no ABC Paulista.
Veja nossa galeria cheia de inspiração com gordas tatuadas:
E se você curte tattoos e estará em São Paulo no final de semana do dia 18/05/2019, não pode perder o Tá tua gorda, um Flash Day especial criado pela Cíntia Lira e pela tatuadora Marcela Iwanaga durante uma reflexão sobre o papel da tatuagem na construção de autoestima.
O evento contará com flashes com preços entre R$ 150,00 e R$ 200,00, feitos pelas tatuadoras Marcela Iwanaga (@casulotatoaria), Claudia Baht (@inkutstattoo) e Scarlath Louyse (@scarlathlouyse). Confirme presença: https://www.facebook.com/events/2364253270527302/?ti=cl