Participar do São Paulo Fashion Week é o sonho de 11 em cada 10 fashionistas brasileiras. Entre os usuários da moda GG esta regra é timidamente notada nos corredores do Pavilhão das Culturas Brasileiras, onde aconteceu a semana de moda. Porém mesmo trazendo muitos estilos, ousadia e liberdade de expressão, a presença no evento ainda é predominantemente de corpos magros. Mas e o público plus size, aonde fica? Infelizmente, ainda que as algumas marcas lancem linhas especiais para tamanhos grandes, normalmente estas coleções são isoladas e não incorporadas definitivamente ao mix de produtos das lojas. Assim, a tão sonhada moda igualitária de grades do PP ao G4 torna-se um futuro distante, e encontrar representantes do movimento body positive nas passarelas ainda é uma tarefa difícil.
Arya Fontenelle (@aryafontenelle), 23 anos, tem como inspiração a inclusão de pessoas “fora do padrão”. Para ela, mesmo com raras expressões de representatividade no SPFW, comparecer ao evento vai além de acompanhar as tendências. A designer de moda acredita que apesar dos padrões existentes, eles não devem representar um impedimento para criação de novas versões dos looks estrelados na passarela. “É importante falar que o mundo não é padrão 36. Nós podemos ser lindas e gostosas vestindo tamanho 46, 48, 50, 52 e por aí em diante!”, diz Arya.

Em meio a babados, cores, estampas, beleza e estilos, a moda passa por grandes transformações, fato fortemente visível nos corredores do #SPFWN45. O mundo vive o início de uma nova era e as revoluções feministas foram essenciais para este processo. Mas ainda é preciso caminhar, estruturar e fomentar novas práticas de protagonismo. Para o público plus size, em especial, é necessário ocupar espaços, se fazer presente e mostrar que comportamentos e estilos diferentes devem ser aceitos em uma sociedade tão plural.
Marcela, 20 anos, estudante de moda da FASM (Faculdade Santa Marcelina), diz que sempre gostou da área e que se encanta ao acompanhar o processo de criação, desde a ideia no papel até a construção da peça final considerando conceitos e pesquisas de tendências. “Roupa é a forma de expressão de cada um, é moda como arte, expressão cultural, econômica e social”, diz. “Sempre tento estar presente no SPFW devido à sua importância no segmento. O mercado plus size está em crescimento, entretanto é notória a carência de representantes deste público no evento. Acredito que a sociedade está caminhando, mesmo que devagar, para aceitar o diferente, e isto é uma consequência do trabalho iniciado no passado, passando a responsabilidade para gerações mais conscientes e antenadas”, completa Marcela.

O Brasil é um país de miscigenação, de estilos únicos e corpos diversos, e por isso a necessidade de reestruturação é urgente. É preciso continuar construindo bases para a batalha contra a ditadura da moda, que insiste em impor padrões e criar regras. Entendendo um pouco mais sobre comportamento e tendências de consumo, o conhecimento sobre a evolução estética e sobre as novas necessidades torna o sonho da moda igualitária mais real. O que espera-se é que este momento resulte no desenvolvimento de um processo de criação mais eficaz para corpos curvilíneos e na formulação de peças de qualidade e modelagens adequadas.
Guest post: texto escrito por Oveer (@myoveer), Jam Knop e Lourani MaSan
