Experimentar roupas destinadas ao sexo oposto, brincar com a androgonia e com a fluidez de gênero tem se provado como uma grande tendência para moda atualmente, mas está longe de ser algo recente. Podemos afirmar sem sombra de dúvidas que a nossa geração não inventou esse conceito. É algo que vimos bastante na década de 70 e se formos pensar mais sobre as origens de hábitos como esse, podemos falar até em Japão no século XVI.
Temos falado sobre isso mais abertamente e as barreiras que costumavam esclarecer o papel da identidade das roupas para homens e mulheres se tornaram um borrão. A moda sempre foi uma ferramenta para comunicar humor e personalidade, talvez por isso seja o primeiro segmento a pensar no público agênero com seriedade.
Entendemos como a androgonia e a fluidez de gênero funcionam, mas o que realmente é moda agênero? Apesar de muitos acreditarem que o conceito se baseia somente em experimentar roupas do sexo oposto, a moda agênero vai além disso e cumpre um papel ainda mais transformador na sociedade. Trata-se de roupas que não foram criadas especificamente para um ou outro gênero e rompem as noções básicas estabelecidas pela indústria do que é moda feminina ou moda masculina. É importante lembrar que esse “novo segmento” (apesar do conceito existir há muitos anos, só se consolidou como parte do mercado agora) não existe com a intenção de provocar a sociedade e seus costumes e sim promover um a mudança na referência obrigatória de gêneros na moda, adicionando uma camada de liberdade em uma indústria que trabalha com tantas limitações.
Pesquisando mais sobre a questão da moda agênero e como ela é vista pela sociedade, cheguei ao perfil de Troy Solomon, também conhecido como “A bear named Troy”. Um homem cis gordo e gay que não tem medo de brincar com o gênero na moda: “Se existe um limite eu tento ultrapassá-lo”, conta o modelo e blogueiro.
Sua fama na internet começou quando seu namorado o fotografou usando uma legging e uma tshirt e a marca plus size Torrid a repostou causando furor, bem como críticas pesadíssimas. “Para mim, como pessoa gorda, roupas femininas vestem muito bem, mas eu acho que deveriam haver mais opções e disponibilidade para que qualquer pessoa, de qualquer tamanho, possa se expressar através das roupas”, diz Troy sobre o fato de que não existirem muitas marcas agênero plus size.
Atualmente Troy tem mais de 41 mil seguidores no Instagram e é visto como um dos principais nomes da moda plus size nos EUA. Ele já trabalhou com marcas como a ASOS e foi comentarista no programa TMZ. Com seu impecável senso de estilo e sua natureza subversiva, ele é um excelente exemplo de como a moda pode impactar as pessoas ao nosso redor e permitir que nossa verdadeira personalidade transpareça.
Analisando a repercussão que a foto de Troy no perfil da Torrid causou e indisponibilidade de tamanhos grandes nesse segmento, aprendemos que o movimento body positive precisa ser mais inclusivo. Até porque as vezes ficamos com a impressão que esse é um movimento que só inclui mulheres. É claro que nós sabemos que as mulheres precisam de um espaço seguro, dentro e fora da internet, mas elas não são as únicas. Pessoas de todos os gêneros, sexualidades e etnias precisam fazer parte desse debate. Excluir qualquer pessoa com base nesses aspectos contradiz os princípios de inclusão e aceitação no qual o movimento se baseia.
“Eu espero que através das minhas fotos e da minha visibilidade o debate que abrange o movimento body positive e a moda agênero ganhe destaque”, diz Troy.
Se você curtiu o perfil do Troy e gostaria de seguir outros gordos que também desafiam os limites de gênero na moda, aqui vão algumas sugestões:
https://www.instagram.com/p/BasPSS4BSBb/?taken-by=iam_adydelv
E acompanhe também o trabalho de Troy:
www.instagram.com/abearnamedtroy